Trabalho feminino atravessa a história da Perícia Forense do Ceará
5 de março de 2018 - 17:35 #Mês da Mulher #Pefoce #Trabalho feminino
Morgana Cruz Chaves - Assessora de Comunicação da Pefoce
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Com o passar dos anos, mulheres ajudam a construir a história da Ciência Forense do Estado
“Precisamos valorizar a força feminina não só pelo período festivo, mas por nos proporcionar tantos avanços ao longo dos anos”, declara o titular da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), Ricardo Macêdo, dando início às comemorações pelo Dia Internacional da Mulher (8 de março) na instituição. A fala do Perito Geral reflete a valorização da mulher nas atividades desenvolvidas pela Pefoce e o crescimento da presença feminina nos quadros da instituição. Atualmente são 170 profissionais que se dedicam às suas famílias como mães, esposas e avós, por exemplo, e aos cearenses como peritas médicas legistas, auxiliares de perícia, peritas criminais e legistas, entre outras funções. Adilina Feitosa e Feitosa, de 64 anos, é uma delas. Com 31 anos de serviços prestados, a perita legista carrega consigo a história de décadas de transformação da Ciência Forense no Ceará.
Adilina iniciou seus passos na Polícia Científica cearense em 1986, quando ingressou no então Instituto Médico Legal (IML) – à época, vinculado à Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE). “Funcionava ainda na Parquelândia (…). Quando eu cheguei lá, havia um Laboratório de Toxicologia que, para aquele tempo, era um avanço”, relembra a perita, que é formada em Farmácia. Ela realizava exames de substâncias entorpecentes “o mais comum era maconha”, conta, e dava suporte nos exames sexológicos, ainda como toxicologista (antes da criação da Lei que denomina os peritos). A profissional se aperfeiçoou na realização de exame do tipo e relembra a primeira vez que analisou uma amostra de crack. Com o passar dos anos, o serviço foi melhorado e as novas aquisições de equipamentos e instrumentos de trabalho, por parte do Governo do Estado, contribuíram para o avanço dos estudos. O IML e outros Institutos foram extintos no ano de 2008, com a criação da Pefoce e a desvinculação da Polícia Civil.
A atuação de Adilina nos quadros da Pefoce alcançou destaque dentro da instituição e ela se tornou chefe do Laboratório de Toxicologia, que pertencia ao antigo IML, sendo uma das pessoas que ajudou na formulação da planta de construção da Coordenadoria de Análises Laboratoriais Forenses (Calf). Em 2008, a profissional passou a exercer o cargo de Perita Geral Adjunta da Pefoce. “Foi um grande desafio, que me impulsionou a adquirir mais conhecimento na área do Direito e das Contas Públicas”, explica. A partir de 2015, a perita passou a trabalhar no serviço administrativo da instituição.
No passar dos anos, ela revela a integração entre os servidores como uma das principais mudanças entre as épocas. “Eu percebo uma aproximação maior entre as pessoas e isso é muito bom (…). Com a criação de um novo órgão e com uma nova consciência, mais pessoas chegaram com a realização do concurso e com um espírito de aprendizagem, abertas às novas descobertas. Isso proporciona maior troca de experiências no ambiente de trabalho. Também o fato de estarem no mesmo prédio melhora o contato entre os servidores”, avalia. Outra melhoria que chegou com o passar dos anos é o avanço da tecnologia, “que é uma grande ferramenta para a perícia”.
Depois de presenciar tantas transformações, Adilina, agora, espera sua aposentadoria. “Quero me dedicar mais à minha família. Ter mais tempo para meus netos”, declara. Casada com um delegado de Polícia Civil aposentado, ela tem dois filhos e três netos. Mas, durante a entrevista, pelos corredores da sede da Pefoce e em visita aos laboratórios da Calf, Adilina relembra os primeiros anos de carreira, de dedicação e planejamento em prol da estrutura da Calf (referência na Ciência Forense brasileira) e dispara: “Nesse momento, a sensação que me vem é que eu gostaria de estar bem nova para começar tudo de novo”, em uma rápida volta de pensamento, e finaliza: “Nós sempre temos que ter a vontade de aprender e buscar fazer o melhor no nosso trabalho. Ter muito amor pelo trabalho. Se você não gosta do seu trabalho, procure outro. É fundamental gostar do que faz”, aconselha. “Um sonho que eu tenho hoje é ver meu filho passar em um concurso da Pefoce”, deseja, encerrando com a esperança de ver uma continuidade de sua geração na Perícia Forense do Ceará.