Ex-vítimas de trabalho análogo à escravidão, apicultores comemoram 1ª colheita de mel

26 de março de 2019 - 18:26 # # #

Cynthia Cardoso - Ascom Secitece

Projeto “Mel e Vida” tem proporcionado mais renda e novas perspectivas à população de Paramoti/CE

Nesta semana, apicultores do Assentamento do Papel, localizado em Paramoti/CE, realizaram a sua primeira colheita de mel. Eles participam do projeto Mel e Vida, que tem resgatado famílias inteiras que realizaram trabalho análogo à escravidão na produção de carvão e evitado o desmatamento irregular no Estado. Atualmente, vivem no local 180 famílias, o que totaliza quase mil pessoas.

A iniciativa está inserida no projeto Intercaju e faz parte de um programa maior de cunho estadual, intitulado “Inclusão Social e Produtiva Empreendedora”, promovido pelo Governo do Ceará, através da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), com o apoio do Instituto Centec e de um outro parceiro, a Comunidade das Nações.

O novo ofício dos moradores é viabilizado através do conhecimento e do uso da tecnologia. O projeto Mel e Vida está atendendo, inicialmente, 50 famílias, e já instalou no assentamento toda a infraestrutura apícola necessária para a produção, incluindo a entrega do “kit apicultor” e inauguração do “Palácio do Mel”, unidade coletiva de extração de mel, além de capacitações permanentes dos grupos para manejo das colmeias e extração de mel de qualidade.

Comercialização

A Secitece envia, periodicamente, sua equipe de técnicos para orientar os novos trabalhadores quanto à qualidade do produto e à correta comercialização. Toda a produção de mel está comprometida com um mercado cativo desenvolvido pela entidade parceira Comunidade das Nações, que tem em Fortaleza mais de 4.500 componentes. O pote de 700 gramas de mel será comercializado a R$ 25,00 – preço justo e que exclui a figura do atravessador.

Outros projetos

O programa “Inclusão Social e Produtiva Empreendedora” está ajudando a gerar renda para os moradores do Assentamento do Papel através do trabalho digno, e ainda evitando a exploração desenfreada da mata nativa. A iniciativa é composta por outros cinco projetos, com o objetivo de transformar a vida dessa comunidade. Conheça:

Projeto Mulheres a Mil: beneficiamento de amêndoas de caju por 35 mulheres em cinco unidades disponibilizadas pela Secitece. Toda a produção com mercado garantido e preço justo de compra/venda.

Projeto Juventude Trabalho: peixamento de açudes para alimentação familiar e novo ofício de psicultura para moradores da comunidade. Já foram mais de 22 mil alevinos disponibilizados nas águas do assentamento.

Projeto Palácios da Produção: infraestrutura coletiva para produção de mel e castanha pelos moradores. Com acesso a galpões industriais, já foi inaugurado pelo projeto o “Palácio do Mel”, com 100m². Está em fase de construção o “Palácio da Castanha”, com 200m².

Projeto Escoamento da Produção: desbloqueio de estradas para escoamento da produção e mobilidade em épocas de chuva. Para isso, já foram retiradas as pedras das vias e agendada a construção de uma passagem molhada, com 30 metros de extensão.

Projeto Mundo Maior: inclusão digital com a oferta de cursos de informática para crianças. O projeto disponibiliza sala de aula com 15 computadores com acesso a internet e professores.

A renda média das famílias, incluindo todas as fontes de ganho, gira em torno de R$ 200,00. A expectativa é que, com o programa, cada família obtenha uma renda mínima de 1,5 salário mínimo.

“Todo o sucesso da nossa iniciativa vem do interesse da comunidade e da confiança depositada na Secitece, que está compromissada com os prazos e com as entregas dos projetos”, explica Arquimedes Bastos, técnico da Secretaria. A ideia é alcançar 180 famílias, que vão conseguir extrair do mel das abelhas, da amêndoa de caju e da piscicultura o seu sustento.