Polícia Civil atua em casos de desaparecidos com quadro de depressão
20 de setembro de 2019 - 08:14 #depressão #desaparecidos #PCCE #setembro amarelo #SSPDS
Ascom da SSPDS
No ranking de motivos do desaparecimento, a depressão aparece em terceiro lugar, com 18,1% dos casos, ficando atrás somente de problemas familiares e uso de drogas ilícitas
Durante o mês de setembro, o amarelo é a cor predominante durante as campanhas de prevenção ao suicídio e sobre os cuidados com a saúde mental. De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos, uma pessoa age contra a própria vida, no mundo. Por trás de muitos desses casos, está a depressão, que é um ponto em comum identificado pela 12ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em muitos casos de pessoas desaparecidas, na Grande Fortaleza.
Por esse motivo, o trabalho da delegacia especializada vai além de encontrar o (a) desaparecido(a). Caso seja detectada a necessidade, o homem ou a mulher, após ser localizado, é encaminhado para instituições de atendimento psicossocial. Na própria sede da especializada, profissionais da Assessoria de Assistência Biopsicossocial (Abips) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) passaram a atuar com a equipe da delegacia, no primeiro semestre deste ano. A delegada titular da 12ª Delegacia do DHPP, Arlete Silveira, explica que a condição do ente querido, muitas vezes, é desconhecida pela família que busca o DHPP.
“Existem muitos casos, que a depressão é revelada após o desaparecimento. Então, o principal trabalho são as oitivas e, a partir disso, fazemos uma avaliação. Por exemplo, um caso de depressão com ideação suicida é considerado um caso de risco alto. Então a gente recebe todos os dados, como local onde foi registrado o desaparecimento, idade, foto e tudo que ajude na localização. Junto a essas informações, vai também a avaliação do risco que aquela pessoa pode estar passando. Então tudo isso é difundido, via Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), para os demais atores, como a Polícia Militar do Ceará e a Guarda Municipal de Fortaleza”, destaca a delegada.
Inaugurada em julho de 2018, a especializada já atuou na investigação de 626 casos de desaparecimentos ocorridos em Fortaleza e Região Metropolitana de Fortaleza, com um índice de resolutividade de 64,2%. Isto é, dos 626 registros, a 12ª Delegacia conseguiu elucidar 402. No ranking de motivos do desaparecimento, a depressão aparece em terceiro lugar, com 18,1% dos casos, ficando atrás somente de problemas familiares (27%) e uso de drogas ilícitas (36,3%).
“Estamos construindo, junto a Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública da Secretaria da Segurança (órgão vinculado à SSPDS), um sistema de avaliação de riscos. Porque diante do desaparecimento, nós avaliaremos o risco que aquela pessoa corre, a partir de critérios e indicadores, como a depressão e a ideação suicida, até para sabermos qual será a abordagem para aquele caso”, revela a delegada.
A coordenadora da Abips e psicóloga, Rebeca Rangel, fala sobre a necessidade de profissionais de saúde acolherem a família para entender as possíveis causas do desaparecimento. “Com a parceria firmada junto às faculdades por meio da SSPDS, nós colocamos estagiários de psicologia para fazerem o primeiro acolhimento das pessoas, que seguiam até o DHPP para registrar o desaparecimento de alguém. Em seguida, buscamos entender o caso, a partir do discurso da família durante o desaparecimento e depois quando a pessoa é encontrada. O terceiro papel é podermos devolver essa pessoa a sua família, que por muitas vezes, não consegue perceber o adoecimento do parente. Então, nós notamos uma demanda muito clara do papel do mediador de conflitos e da necessidade de se trabalhar junto a essas pessoas”, destacou a psicóloga.
Em paralelo ao trabalho da Assessoria, a 12ª Delegacia do DHPP também atua em parceria com a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), visando fortalecer os vínculos familiares das vítimas; além da Prefeitura de Fortaleza, por meio dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras).
O papel da família
A psicóloga Rebeca Rangel chama atenção para ações que devem ser adotadas por familiares, visando a prevenir situações de desaparecimento, que tenham a depressão como pano de fundo. O primeiro ponto citado pela profissional é a necessidade de escutar as pessoas, para entender o que tem se passado em suas vidas. Além disso, analisar mudanças de comportamento, prezando sempre pelo diálogo. “O ponto preponderante é o respeito. Não adianta tentar conversar, se a família não estiver disposta a ouvir de forma empática o que aquele familiar tem para falar. É importante tentar compreender e acolher, observando que a pessoa está ali muitas vezes sofrendo. E que se a pessoa sai de casa sem justificar, é porque ela sente que não pode expor o que ela pensa ou sente”, orienta.
Não espere 24 horas
A Polícia Civil orienta a população a procurar a 12ª Delegacia do DHPP para formalizar os casos de pessoas desaparecidas de imediato, sem necessidade de aguardar um prazo mínimo para a comunicação. Para isso, o denunciante pode comparecer a qualquer delegacia, com foto, e fornecer o máximo de informações possíveis sobre a pessoa desaparecida. A comunicação também pode ser feita pela Delegacia Eletrônica, no campo Desaparecimento de Pessoa.
http://www.delegaciaeletronica.ce.gov.br/beo/
A população também pode colaborar com o trabalho policial ligando para o número (85) 3257-4807 ou para o número (85) 9111-7498, o WhatsApp do DHPP, para onde podem ser enviadas fotos, áudios e vídeos. O contato também pode ser realizado pelas redes sociais, por meio do perfil @desaparecidosdhppce no Facebook e Instagram. Não é necessário se identificar. O sigilo da fonte é garantido.
Serviço:
12ª Delegacia do DHPP
Endereço: Rua Juvenal de Carvalho, 1125 – Bairro de Fátima, Fortaleza
Telefones: (85) 3257-4807 e (85) 9111-7498