Unidades prisionais do Ceará iniciam aulas para mil alunos dos cursos de alfabetização, ensino fundamental e médio
24 de outubro de 2019 - 14:16 #educação #internos #professores #SEDUC #unidades prisionais
Ascom SAP
O núcleo de educação da Secretaria da Administração Penitenciária ampliou o número de detentos que estão com acesso às salas de aula nas unidades prisionais do Ceará. Mais mil alunos foram inseridos em parceria da SAP, com a Secretaria de Educação do Estado (Seduc). As turmas são desde o fundamental (alfabetização) até o ensino médio.
Com esse acréscimo, o número de internos dentro de sala de aula, foi ainda mais ampliado. Já são 3.450 presos que estudam dentro do sistema prisional do Ceará, incluindo as unidades da Região Metropolitana de Fortaleza e interior do estado. No mesmo período em 2018, a quantidade de detentos era de 1.693.
São 22 professores envolvidos nessa ampliação no número de alunos. Os novos internos foram selecionados após uma longa sondagem feita pela equipe da SAP e Seduc ao longo do ano. De acordo com o assessor Educacional da SAP, Rodrigo Moraes, as práticas disciplinares e a nova organização dentro das unidades proporciona esse crescimento. “As condições nas unidades prisionais proporciona a expansão da oferta da escolarização. O interesse dos internos também é grande, praticamente todos os internos têm interesse no projeto educacional. Sem falar nas salas de aulas que estão reformadas, ampliadas e os professores com mais interesse em lecionar dentro do sistema prisional”, relatou.
Contratada para uma dessas novas turmas, a professora do Ensino Fundamental I, Eliane Costa, fala da experiência de lecionar dentro de uma unidade prisional. “Lembro que recebi a notícia dessa convocação no dia do meu aniversário. Foi um misto de emoção e entusiasmo. É a minha primeira experiência como educadora no sistema prisional. Alguns deles estavam há bastante tempo sem estudar, com visível dificuldade. Gradativamente nós vamos afinar o processo. Eles trazem suas vivências e eu devolvo com ensino. Eles estão empenhados e nós conseguiremos atingir o grande objetivo com cada um deles”, atesta.
O interno Michael Lopes de Sousa, de 26 anos, comenta sobre a nova oportunidade. “Lá fora eu trabalhava como operador de comunicação visual em gráficas. Estar aqui não é fácil, mas os cursos de qualificação e a possibilidade de voltar a sala de aula nos deixa confiante para o retorno à sociedade. Sonho com o dia do retorno a liberdade, junto ao convívio do meu filho e família. Voltarei ao trabalho de comunicação visual e quero também operar o trabalho como bombeiro hidráulico, que aprendi aqui dentro no curso do Senai”, declara.
Os internos estão dividos em 10 unidades prisionais, em que, o Centro de Detenção Provisória (CDP) tem o maior número de salas com sete. A cadeia pública de Juazeiro do Norte e o Institutto Penal Professor Olavo Oliveira (IPPOO 2) estão com três turmas. Com duas salas de aula cada estão as Penitenciárias de Sobral (PIRS), Cariri (PIRC) e o Centro de Triagem e Observação Criminológica (CTOC). A Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo Pinto (CPPL 2), Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Jucá Neto (CPPL 3), a Unidade Prisional Desembargador Adalberto de Oliveira Barros Leal (Caucaia) e a cadeia pública de Acopiara completam a lista com uma sala de aula cada.