Internos assistem à peça e discutem sobre preconceito e violência contra a mulher
3 de outubro de 2017 - 18:03 #internos #Irmã Imelda Lima Pontes #Sejus #Unidade prisional
Camille Soares - Assessoria de Comunicação da Sejus
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Davi Pinheiro - Fotos
Maicon, interno há cinco meses na Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, escondeu da família, até a morte do pai, que era gay. “Meu pai era machista e homofóbico”, lembra. Na tarde desta terça (3), o interno viu no palco uma discussão forte que envolvia machismo, homofobia e violência contra a mulher. Para ele, os temas estão bem perto de sua realidade.
A peça era Navalha na Carne, encenada pelo grupo Imagens de Teatro, no Teatro Morro do Ouro, anexo ao Theatro José de Alencar, em uma sessão especial para internos do sistema penitenciário cearense. Para Maicon, a encenação despertou a importância de falar sobre o assunto. Gay, ele diz não poder se permitir ser preconceituoso, já que é uma vítima disso e ver esse preconceito de forma tão evidente funciona, para ele, como um alerta. “Esse momento ajuda a trabalhar o preconceito lá dentro (da unidade) e é importante estar sempre alertando outras pessoas”, aponta.
A unidade, que reúne idosos, pessoas com dificuldade de locomoção, GBT e pessoas em cumprimento da lei Maria da Penha, levou 30 internos à exibição da peça. A eles, somam-se 10 internas do Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa. Além de assistir à peça, eles conheceram as instalações do Theatro José de Alencar. Nenhuma das internas do IPF já havia entrado no Theatro. Arlene maravilhava-se identificando, por trás dos vitrais, as letras que formam o nome do espaço.
A ação é fruto de uma parceria entre a Secretaria da Justiça e Cidadania e a Secretaria da Cultura. Presente na peça, a secretária da Justiça, Socorro França, afirmou que a cultura é fundamental para humanizar o sistema prisional. “Através do conhecimento, a gente se torna mais livre. Vocês começam aqui a ver a liberdade através do conhecimento”, destacou. O secretário da Cultura, Fabiano dos Santos, ressaltou a importância do sonho e da arte para o equilíbrio do ser humano. “A arte e a cultura são fatores indispensáveis à humanização”, apontou.
Os dois secretários destacam que as ações de cultura devem ser ampliadas a todas as unidades do sistema penitenciário cearense. A Sejus e a Secult, além de algumas entidades da sociedade civil, estão construindo o plano estadual de cultura do sistema penitenciário. A idéia é promover oficinas, levar apresentações e atividades que estimulem a cultura dentro das unidades prisionais.