Dia Internacional dos Povos Indígenas: preservação de tradições e resistência
9 de agosto de 2019 - 14:29 #índios #ONU #Pitaguary #reconhecimento
Camille Soares - Ascom SPS
No Ceará, os povos indígenas estão localizados em 20 municípios. São 14 povos e uma população estimada em 35 mil pessoas
Mais que uma conquista simbólica, o Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9 de agosto, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1994, com a finalidade de reconhecer tradições e contribuições culturais e reafirmar garantias previstas na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Segundo a ONU, existem cerca de 370 milhões de indígenas em 90 países, o que representa em torno de 5% da população mundial. Trata-se de mais de 5 mil grupos diferentes que falam aproximadamente 7 mil línguas. No Brasil, de acordo com dados do Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, há 896,9 mil indígenas presentes em todos os estados brasileiros. São 305 etnias, que falam 274 línguas. Há ainda um grande número de povos isolados, não contabilizados pelo Censo. O Brasil tem a maior concentração de povos isolados conhecida no mundo.
O Dia Internacional dos Povos Indígenas vai além da ideia de comemoração. É momento de união da sociedade para endossar os cuidados necessários à preservação das culturas indígenas e ampliar a conscientização sobre os problemas enfrentados por esses povos. No Ceará, sob gestão da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial (Ceppir) conduz a formulação e implementação de políticas públicas e de diretrizes para a promoção da igualdade racial no Estado. Além disso, articula ações governamentais de enfrentamento e combate à discriminação racial de indivíduos e grupos étnicos como povos indígenas, assim como comunidades quilombolas, religiões de matriz africana, cultura cigana e demais comunidades tradicionais.
Coordenadora da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará e assistente técnica da Ceppir, Ceiça Pitaguary carrega a riqueza do saber ancestral não só no nome, mas na vontade de reforçar sua existência. “Este ano se faz necessária a reflexão do tema e, mais do que nunca, sua afirmação. Somos a maior diversidade étnica do mundo. Passamos por um momento de total retrocesso, então 9 de agosto é o dia da resistência. Os Povos Indígenas do Brasil, em especial do Ceará, têm muito a ensinar aos brasileiros, basta que parem de nos ver como folclore e passem a nos enxergar como povos originários que contribuíram para construção desse País”, destaca.
“No Ceará, os povos indígenas estão localizados em 20 municípios. Somos 14 povos e uma população estimada em 35 mil pessoas. Temos nos esforçado para manter nosso patrimônio cultural cada vez mais forte através de nossos rituais, de nossas danças, músicas, pinturas tradicionais, culinária, medicina tradicional e de nossa espiritualidade”. A fala é de Weibe Tapeba, que também enxerga o 9 de agosto como momento de luta e tem convicção da necessidade de fazer uso de todos os espaços para fortalecer as questões defendidas pelos povos indígenas. “Usamos essas datas marcantes no calendário político do movimento para dar visibilidade à nossa temática. O Governo Federal atual é, talvez, a instituição que mais viola os direitos dos povos indígenas, então 9 de agosto é uma data para também denunciar as violações sofridas pelo nosso povo em todo o Brasil”, afirma o nativo da etnia presente no município de Caucaia, na Grande Fortaleza.