Corpo de Bombeiros integra lista de entidades homenageadas
28 de novembro de 2019 - 15:26 #bravura #CBMCE #corporação #credibilidade #reconhecimento
Fhilipe Augusto Texto
Tiago Stille e Ronaldo Gusmão Fotos
Cerimônia será realizada na noite desta sexta-feira (29), no Palácio da Abolição. Corporação foi criada em 1925 e, de lá pra cá, se destaca para muito além do combate aos incêndios
Corporação quase centenária, o Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) entra nesta sexta-feira (29) para o seleto grupo de instituições agraciadas pelo Governo do Ceará com a outorga da Medalha da Abolição, maior honraria do Estado. Formado por profissionais de coragem e com o espírito de servir ao próximo, muitas vezes até arriscando a própria vida, a comenda é o reconhecimento do valoroso serviço prestado pelos militares que defendem e defenderam a farda da entidade nesses 94 anos de existência.
Para o coronel Luís Eduardo Soares Holanda, comandante do CBMCE, a homenagem do Governo do Ceará traduz o sentimento de bem-querer que a sociedade tem com a instituição. “É um motivo de muito orgulho para todos nós do Corpo de Bombeiros, que vem coroar o reconhecimento da população. Nós temos essa simpatia e a Medalha da Abolição vem materializar esse reconhecimento. Então, é motivo de muito orgulho para nós que estamos no Corpo de Bombeiros e para aqueles que passaram nesses 94 anos”, confessou Holanda.
Para o comandante, a especificidade do ofício de bombeiro é quem gera toda essa empatia da população. “Essa credibilidade foi construída no passar dos anos e é uma característica dos corpos de bombeiros do Brasil, graças a Deus, ao nosso trabalho e à forma do bombeiro agir e interagir com a sociedade. A gente está sempre chegando para ajudar alguém, sempre dentro de uma emergência dando nosso melhor, arriscando inclusive nossa vida para que a gente possa ter a possibilidade de salvar a vida de uma pessoa que precisa da nossa intervenção. Então, acho que a credibilidade vai muito disso e acredito que é isso que encanta a população. Ajudar sem olhar a quem e a circunstância. O bombeiro atua desde aquela simples ocorrência, quase que folclórica de tirar o gatinho da árvore, e também salva vidas, como aconteceu no desabamento do Edifício Andréa”, destacou.
Trajetória quase centenária
Criado em 8 de agosto de 1925 com o nome de Pelotão de Bombeiros de Fortaleza, o CBMCE surgiu em virtude do crescimento da capital cearense e, consequentemente, do número de residências, comércios e indústria. Preocupados com a possibilidade da ocorrência de incêndios, autoridades públicas e comerciantes enxergavam a necessidade de Fortaleza ter um grupamento especializado no combate a esse tipo de sinistro. A partir dessa preocupação, o chefe da Polícia na época, Dr. José Pires de Carvalho, fez um relatório e direcionou ao chefe do Executivo, desembargador José Moreira da Rocha, especificando a precisão de se criar o grupamento.
Considerados como amigos da sociedade, e muitas vezes até heróis, os bombeiros atuam em áreas que vão além do combate a incêndios. Cabe à corporação desempenhar atividades técnicas de análise de projetos e vistorias, salvamentos (terrestre, aquático e em alturas), mergulho autônomo, atendimento pré-hospitalar, ações de Defesa Civil, prevenção em grandes eventos e capturas de animais silvestres. O comandante do CBMCE explica que essas funções foram sendo agregadas à rotina da corporação com o passar do tempo.
“No decorrer desses 94 anos o Corpo de Bombeiros foi cada vez mais se especializando. Naquele primeiro momento, foi atuando basicamente na questão do combate a incêndios. Com o tempo, a gente começa a entrar nas questões de salvamento, emergência pré-hospitalar, até o bombeiro moderno atual. Hoje, nós somos os responsáveis pelas ações de Defesa Civil do estado. A gente tem uma atuação muito forte também na engenharia de prevenção ao incêndio, que é quando o bombeiro tenta se antecipar ao acidente. As edificações no Ceará passam previamente pelo Corpo de Bombeiros para que a gente possa determinar as medidas preventivas e, ainda que aconteça esse acidente, a gente possa diminuir os danos”, informou coronel Holanda.
Momentos marcantes
Mesmo tendo incorporado novas funções com o decorrer dos anos, a história do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará é marcada pelo trabalho em acidentes que entraram para a história cearense. Coronel Holanda citou três ocorrências que retratam bem o espírito do que é o trabalho da instituição: o incêndio que destruiu tanques de armazenamento de combustíveis no Terminal do Mucuripe, em 1980; o acidente com um avião que se chocou contra a Serra da Aratanha, em 1982; e o mais recente de todos, que ainda está bem vivo na memória de todos, que foi o desabamento do Edifício Andréa, há pouco mais de um mês, em Fortaleza.
“O Corpo de Bombeiros têm 94 anos aqui no Ceará e essa foi a operação mais complexa da história. A gente teve grandes operações, com repercussão parecida, como o acidente do avião da VASP (1982). A gente teve um incêndio muito grande no Terminal do Mucuripe. Eram ocorrências que tinham um nível de complexidade grande, mas tinham um diferencial desse último. Lá, a gente estava no coração do centro urbano de Fortaleza. Existia aquela pressão de vida e de morte. No acidente da Serra da Aratanha quando os bombeiros subiram eles sabiam que a possibilidade de encontrar qualquer tipo de sobrevivente era mínima. Os grandes incêndios também eram ocorrências complexas, mas com números de vítimas pequenas ou até nenhuma. Já o Andréa era um cenário bem complexo, em que a gente precisava tomar decisões rápidas e ao mesmo tempo com técnica, sabedoria, para que a gente pudesse dar os resultados que a operação precisava”, destacou o cel. Holanda, ao se referir da operação coordenada pelo CBMCE, que durou 103 horas e que conseguiu resgatar sete pessoas com vida, das 16 vitimadas no desabamento.
Mesmo não sendo uma atividade cotidiana da corporação atuar em grande sinistros como os citados, o comandante ressalta que para obter os resultados positivos desejados por todos, é preciso estar sempre bem treinado. “É uma característica dos Bombeiros estar preparado para as grandes emergências. A gente não pode falhar durante uma grande emergência, e graças a Deus elas não acontecem todos os dias, no que pese todos os dias acontecer incêndios, salvamentos, a grande maioria a população sequer toma conhecimento porque não há uma repercussão maior. Por isso que a gente treina tanto, se especializa e está sempre em condição de operação. Às vezes a gente passa o plantão de 24 horas só com pequenas ocorrências, mas a gente precisa estar pronto para no dia que acontecer as grandes ocorrência a gente dar a resposta que a população merece e espera do seu Corpo de Bombeiros”.
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